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Diretor de Crédito e Risco do banco Nossa Caixa, Claudio Torres possui larga experiência no setor financeiro. Começou a carreira no Citibank, onde atuou por 22 anos e exerceu os cargos de diretor comercial e diretor executivo de crédito. Ocupou também cargos de direção no Banco Real, Banorte, BMC, Controlbank e B.S.S.A, uma subsidiária do Banco Sofisa. Atuou ainda como diretor de crédito da Febraban e diretor do conselho consultivo da Serasa. Graduado em Administração de Empresas, Torres tem MBA pela American Graduate School of International Management, de Glendale (Arizona/EUA), com especialização em Finanças, além de ser autor do Manual de gerenciamento de risco de crédito .
Acompanhe a entrevista exclusiva que ele concedeu ao Empregos.com.br e aproveite a experiência de quem dedicou todo seu trabalho à área de finanças e tem muita experiência para compartilhar.
Empregos.com.br – Fale um pouco sobre sua bagagem na área?
Claudio Torres – Sob o ponto de vista histórico e de aprendizado, toda a minha bagagem veio do Citbank. Na verdade, trabalhei 22 anos no banco e, naquele contexto, basicamente eles ofereciam um produto: o empréstimo. E para atender bem essa demanda o profissional era obrigado a passar pelo menos uma semana em cursos de crédito intensivo, daqueles que duravam de 12 a 18 horas por dia, isso em 22 anos de profissão. Após essa experiência, passei pelo Banco Real, Febraban e Serasa. Enfim, fazer negócio utilizando crédito como uma alavanca sempre fez parte da minha vida. Hoje estou na Nossa Caixa e esse foi um caminho muito natural para mim.
Empregos.com.br – O tipo de trabalho prestado difere de empresa para empresa?
Torres – Eu diria que depende um pouco do momento. Crédito é um produto dinâmico, em que muitas vezes inventamos soluções que anteriormente não existiam. Na verdade, não muda muito em relação a outras situações, eu costumo comparar a Nossa Caixa com o Branco Real na época em que trabalhava lá. O que ocorre é que a cultura dos bancos é mais voltada à captação do que ao empréstimo, se você olhar os bancos varejistas, em sua maioria, são criados para captar depósitos na agência ou prestar serviços, eles não são necessariamente “emprestadores” de dinheiro.
Empregos.com.br – Essa cultura está ligada ao contexto brasileiro?
Torres – Tem muito a ver com o Brasil e com a inflação que tivemos durante praticamente 20 anos. Existia todo um processo em que era mais fácil captar dinheiro do que emprestar.
Empregos.com.br – Hoje em dia existe uma mudança ou tentativa de remodelar esse contexto?
Torres – Por incrível que pareça a realidade de hoje não é muito diferente da realidade de ontem. Eu vou dar um exemplo: você é cliente do banco A e ele aprova um limite de cheque especial, lhe fornece um cartão de crédito e às vezes até um crédito parcelado, nisso você decide comprar um carro, a crédito, porque você não tem o dinheiro para pagar à vista. Freqüentemente, as pessoas não ligam para o seu gerente para fazer um financiamento na agência, porque na hora que elas estão comprando um produto recebem uma série de ofertas das financeiras que estão dentro das lojas. Existe toda essa cultura tanto do lado do banco como do próprio lado do “tomador” do crédito. Por isso não enxergo uma grande mudança.
Empregos.com.br – Os bancos investem na aproximação com o cliente?
Torres – Os bancos têm feito o possível e o impossível para aprovar limites e disponibilizá-los. O que geralmente acontece é que partem para uma outra opção, eles acabam abrindo uma financeira. Na verdade não é que o banco tenha se omitido, mas sim que ele prefere deixar a parte de relacionamento com as agências, que procuram prestar um serviço mais personalizado.
Empregos.com.br – A estabilidade econômica pela qual passamos é um fator favorável para quem trabalha com créditos atualmente? É um cenário real?
Torres – É um cenário real, há três anos a renda do brasileiro vem subindo de 5 a 7% ao ano e isso é fantástico. Nesse aspecto macro, nós todos estamos extremamente confiantes no crescimento do Brasil. Em relação aos créditos, estou otimista, especificamente em relação ao potencial da Nossa Caixa, já que estamos mais ou menos com 5,6 milhões de clientes.
Empregos.com.br – Como você enxerga o interesse que as pessoas estão adquirindo em conhecer os mecanismos do mercado de finanças?
Torres – Eu acredito que se você olhar um pouco o que acontece lá fora você consegue traçar um panorama do que irá acontecer aqui no futuro. Cada vez mais as pessoas estão comprando ações e um fator que contribui para isso é que cada vez mais as empresas abrem seus capitais e com isso os brasileiros irão efetivamente investir em ações. Agora , o grande boom virá do crédito imobiliário. Ele vai crescer estratosfericamente.
Empregos.com.br – Em um segmento extremamente competitivo, como lidou com a concorrência?
Torres – Eu diria que eu comecei no mercado financeiro em 1973. Eu não me lembro de ter tido um ano mais fácil do que o outro. Na verdade eu costumo usar uma frase que resume mais ou menos essa questão: o que era fácil alguém já fez, então sobrou o difícil. As pessoas são cada vez mais preparadas, eu posso citar vários exemplos de bancos que saíram do País porque não agüentaram a competição. Eu digo que o mercado é perfeito porque aqueles que conseguem sobreviver crescem, compram e sobrevivem, já os que por ventura não conseguem, cerram as portas ou vendem a sua franquia. É a lei da selva.
Empregos.com.br – Em uma posição que exige bastante e que o estresse deve ser algo pontual, como faz para equilibrar sua vida?
Torres – Na verdade, eu achei uma solução para conciliar os interesses profissionais com os pessoais. Eu acordo às 5 horas da manhã para jogar tênis ou fazer ginástica e fazendo isso não atrapalho ninguém. Antes eu praticava exercício à noite e acabava chegando em casa por voltas das 11h30 ou meia-noite e isso acabava atrapalhando minha vida pessoal. Acordando às 5 da manhã ninguém fica chateado e está resolvido o problema.

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