Carreiras | Empregos

por Camila Micheletti
 
A rotina é sempre a mesma: admitir e demitir pessoal, controlar férias, faltas e horas extras, fazer avaliação de desempenho, administrar folha de pagamento, aposentadoria, recrutamento e seleção e treinamento. Você já imaginou fazer tudo isso via Internet, ou não ter que se preocupar em fazê-las, recebendo sempre controles atualizados a respeito? Parece bom, não?
Isso é o que se chama de Outsourcing, terceirização das atividades de Recursos Humanos. Essa opção é muito utilizada atualmente por empresas de todos os portes e segmentos. Mas você pode se perguntar: se um software vai fazer todo o processo, meu emprego não fica ameaçado? Como fica o papel do profissional de RH com esta nova estrutura de trabalho?
Segundo especialistas no assunto, as vantagens são grandes e as possibilidades dos softwares substituirem as pessoas, quase nulas. “Só pode se sentir ameaçado aquele profissional estagnado, que não atualiza seus conhecimentos e quer continuar trabalhando com estes processos operacionais, que não quer atuar de forma estratégica na empresa. Nesse caso, sugiro que a pessoa tente uma recolocação numa empresa de outsourcing, com certeza lá ela terá um futuro mais garantido. Mas o profissional que não se encaixa nesse perfil pode ficar tranquilo. A terceirização vai ajudá-lo a ter mais tempo livre para trabalhar questões mais estratégicas, como o plano de carreira dos funcionários, por exemplo”, avalia Luiz Henrique de Oliveira, diretor de estratégias e desenvolvimento da ADP Brasil, uma das líderes desse setor no Brasil.
A empresa está há 36 anos no mercado e processa, totalmente via Internet, quase a metade dos contracheques dos 500 mil funcionários de seu portfólio. Por operar na Web, o software permite que o próprio funcionário administre alguns processos, se o administrador de pessoal assim o permitir. “O empregado pode pedir férias pela Internet, ver quanto tem de hora extra, entre outras coisas. O profissional de RH decide se o empregado pode ter acesso ou não. E o próprio gestor de RH pode definir ainda se quer ele mesmo elaborar os processos ou quer receber os controles prontos da ADP”, afirma Luiz Henrique.
Nesse sentido, o papel do profissional de Recursos Humanos muda totalmente, já que ele passa a ser um administrador das rotinas do RH e não mais um simples elaborador, e conta com as ferramentas de uma empresa especialista nesta função, que vai lhe entregar os processos no prazo correto e de maneira eficiente.
Como terceirizar
O processo de terceirização na área de RH pode ser dividido em duas áreas: Administração de Pessoal e Gestão de RH. São processos que podem ser feitos em conjunto ou não, dependendo das intenções da empresa.
Segundo Alexandre de Botton, diretor da Propay, empresa de BPO – Business Process Outsourcing, considerada a modalidade mais avançada de outsourcing, quando a empresa decide terceirizar a sua área de RH, a primeira coisa a fazer é identificar realmente qual área deve ser terceirizada, e porque. “A terceirização de RH é uma decisão estratégica que deve ser muito bem pensada”, explica Alexandre. A empresa existe há dois anos e já conta com 70 clientes, como a MTV, Globo.com, Brasil Telecom, entre outros.
Mas, ao mesmo tempo, Alexandre afirma que geralmente as empresas teceirizam áreas de RH (folha de pagamento ou plano de benefícios, por exemplo) que não são estratégicas, ou pelo menos fundamentais para a companhia. Processos operacionais, segundo o especialista, podem ser terceirizados. “O gerente ou diretor de RH da empresa, por exemplo, jamais seria ‘terceirizável’, porque ele tem uma função estratégica na empresa, toma decisões e contribui para o desenvolvimento da mesma. Já não diria o mesmo da pessoa responsável pela folha de pagamento dos funcionários”, diz Alexandre.
Satisfação acima de tudo
A Boehringer Ingelheim, multinacional que faz a produção e comercialização de produtos farmacêuticos e tem 1.200 funcionários, terceirizou com sucesso seus processos de Recursos Humanos. A companhia adotou o software da ADP há um ano e está bastante satisfeita. Segundo Guilherme Cavalieri, diretor de RH da empresa, entre os benefícios já obtidos com a aquisição do software estão a redução de custos, simplificação dos trâmites de RH e melhoria no sistema de folha de pagamento. “A utilização da internet tem ajudado também nossos representantes médicos, que agora podem interagir com o sistema, evitando sobrecarregar o departamento de RH”, explica o diretor.
No site de comércio eletrônico Submarino, a terceirização está presente na empresa desde a sua fundação. Cristina Criveiro, gerente de Recursos Humanos da empresa, explica que, em virtude disso, não houve um processo de adaptação ao uso do sistema, que sempre foi o da Propay. A equipe é enxuta, com apenas três pessoas, que têm a função de alimentar o software com informações sobre folha de pagamento, palno de benefícios e todas as informações relativas à administração de pessoal e gestão de RH do site. “Ter a área de RH terceirizada traz muitos benefícios, começando pela própria equipe, que pode ser reduzida, pelo espaço físico, software e equipamentos, que eu não preciso ter para suportar esse trabalho, além de treinamento com pessoal. Ou seja, é uma solução barata e que facilita muito o nosso trabalho”, afirma Cristina.
Mercado
O mercado na área de terceirização de processos de RH não pára de crescer, inclusive fora do Brasil. Segundo dados do livro Outsourcing Human Resources Functions, escrito por Mary F. Cook, uma em cada cinco empresas nos Estados Unidos terceirizou no ano passado alguma função de RH.
De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) referentes a janeiro de 2002, há 7,86 milhões de pessoas trabalhando com carteira assinada nas seis maiores regiões metropolitanas do Brasil (Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre). Administrar os direitos e benefícios de cada uma dessas pessoas, além de ser trabalhoso, custa muito para as empresas. Os especialistas garantem: o Outsourcing está aí para resolver esse problema.

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