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Por Juliana Ricci
O tempo marcado no cronômetro é o único número que a DHL tem visto diminuir nos últimos tempos. Preocupada em atender os clientes no menor tempo possível, a corporação tem visto seus outros números crescerem sem parar:
Faturamento anual de aproximadamente €22 bilhões
Mais de 160.000 funcionários
120.000 destinos atendidos
75.000 veículos
4,2 milhões de clientes
cerca de 5.000 escritórios em todo o mundo
mais de 1 bilhão de despachos por ano
Graças à eficiência nos serviços expressos, aéreos e marítimos, além do transporte terrestre e soluções de logística, a rede internacional da DHL liga hoje mais de 220 países e territórios em todo o mundo. Controlada pela Deutsche Post World Net, o correio alemão, a empresa encerrou o ano de 2004 no Brasil com faturamento 30% maior do que o registrado em 2003. O número é ainda mais expressivo quando o assunto são as exportações, que em 2004 cresceram 45% em relação ao ano anterior.
Para 2005, a estratégia da empresa é ser reconhecida, cada vez mais, como um parceiro logístico para exportações e importações expressas, substituindo a imagem de uma companhia focada somente no transporte de documentos e amostras.
Para o alto está focada também a área de Recursos Humanos e seu diretor, Maurício Marcon. Formado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (SP) e mestre em Administração pela Universidade de São Paulo (USP), ele aplica na DHL a experiência de 25 anos adquirida trabalhando na área. Depois de começar como trainee de Relações Industriais na Asea Brown Boveri (ABB), trabalhou no metrô e também na Pepsi Cola, onde implantou o setor de RH.
Há 7 anos na DHL e no comando de 3.100 funcionários, Maurício acredita que o diferencial de sua gestão é a “delegação de tarefas. Dou autonomia para as pessoas realizarem, dou asas para o pessoal voar. Faço muito follow up e poucas reuniões”, conta ele. Prático e para o alto, ao melhor estilo DHL. Conheça nesta entrevista um pouco mais sobre o profissional e o setor de RH da empresa.
Empregos.com.br – O RH é totalmente integrado ao business da empresa? Como é a estrutura? Quantos funcionários no Brasil?
Maurício Marcon – Atualmente são 15 pessoas no RH. Sim, estamos integrados ao negócio da empresa. Dentro do planejamento estratégico, definimos uma série de ações de RH. Por exemplo, a definição de estrutura do processo seletivo e aprovação de vagas tem que passar pelo RH e também pelo presidente, assim como os novos negócios e as mudanças, porque tudo isso afeta diretamente os profissionais e o clima da empresa. Nós fazemos parte do board de diretores, que discute tanto RH como Finanças, Marketing e todo o resto. Temos 3.100 funcionários no Brasil, que estão divididos em três unidades de negócios: Express (porta-a-porta internacional), Solutions (armazenamento de bens para os clientes) e Air and Ocean (frete de cargas em container aéreo e marítimo). Cada unidade tem um country manager e um gerente de RH. Tenho uma equipe de salários e benefícios e outra para cuidar do desenvolvimento de políticas e gerenciamento de pessoas.
Empregos.com.br – Quais são as políticas de Recursos Humanos da empresa?
Maurício Marcon – Temos um pacote de remuneração atrativo. As unidades são diferentes, têm culturas diferentes, então há algumas diferenças, mas os benefícios estão uniformizados. Estamos criando um plano de carreira e apostamos no processo de comunicação com os funcionários. Temos um programa de recrutamento interno também.
Empregos.com.br – Quais benefícios são oferecidos aos colaboradores?
Maurício Marcon – Plano de saúde odontológico, seguro de vida, plano de previdência e bolsa auxílio para cerca de 5 ou 6 cursos ligados ao negócio.
Empregos.com.br – O que vocês fazem em relação à qualidade de vida dos funcionários?
Maurício Marcon – Temos um programa na Express voltado aos profissionais de atendimento ao cliente. Eles têm aulas de relaxamento com yoga dentro do horário do expediente, uma vez por semana. São cerca de 30 a 40 minutos para uma carga de 6 horas. Todos gostam e nos 4 anos de programa não tivemos mais casos de LER. Para as outras unidades temos parceria com a BK, empresa de assessoria esportiva. Oferecemos a cerca de 60 profissionais avaliação física e nutricional e prática de esportes. Nem todos participam, eles escolhem.
Empregos.com.br -Qual o investimento em treinamento e como ele é dividido? Quais as maiores necessidades de treinamento?
Maurício Marcon – Nossas maiores necessidades são de treinamento operacional,que é aplicado pelas próprias equipes internas, e desenvolvimento gerencial, que fazemos em parceria com a Dorsey e Rocha Consultoria. Ambos são destinados a formar uma equipe coesa com os valores da companhia. Só na Express, em 2005, pretendemos investir US$ 500 mil.
Empregos.com.br – Fora o plano de carreira, que está em desenvolvimento, existe algum outro projeto para retenção de talentos?
Maurício Marcon – Depende. Alguns talentos queremos segurar e nos esforçamos para isso, inclusive dando exposição internacional e em grupos de trabalho. Temos um programa de avaliação de potencial baseado no modelo mundial “Motiv8”. É aplicado entre supervisor e funcionário mas o supervisor pode considerar a avaliação de pares. Somos agressivos na questão da promoção, preferimos promover mesmo se a pessoa não estiver 100% pronta, porque entendemos que estar pronto faz parte do processo de aprendizado. Não adianta esperar o dia em que o profissional vai estar 100%, isso se conquista na prática. Assumimos o risco disso.
Empregos.com.br – Para 2005, a estratégia da empresa é ser reconhecida, cada vez mais, como um parceiro logístico para exportações e importações expressas, substituindo a imagem de uma companhia focada somente no transporte de documentos e amostras. Como se dará essa transição? Qual será a participação do RH na disseminação do novo conceito entre os profissionais?
Maurício Marcon – A disseminação desse conceito começa mudando a cabeça do vendedor. Isso, na prática, significa deixar de trabalhar com limites de tamanho e peso no transporte. Tivemos uma convenção de vendas recentemente e trabalhamos isso. Sim, é uma mudança que altera o operacional, mas o principal é preparar o vendedor para um novo discurso. Para isso faremos treinamento de novos produtos e um trabalho de conscientização junto às gerências de vendas.
Empregos.com.br – A DHL Express espera em dois anos dobrar o faturamento da subsidiária brasileira. Com isso, qual será o posto da unidade brasileira com relação às outras? Como isso impacta o trabalho do RH e a carreira dos profissionais?
Maurício Marcon – Todas as unidades estão crescendo, então não há um posto definido. Crescendo, temos que identificar talentos para suprir vagas que vão abrir. Planejamento de carreira depende de movimentação na empresa. Esse é o maior impacto.
Empregos.com.br – Qual é a maior preocupação / atenção do RH que atua no setor de logística, importação e exportação?
Maurício Marcon – Manter um time estável e bem preparado para manter a qualidade do serviço prestado. O courrier é o profissional que pode perder o cliente, porque é aquele que tem contato mais direto. Além disso, ele está sempre com pressa e sob pressão. Precisamos cuidar dele. Aqui na DHL esse trabalho tem dado certo, tanto que nossa taxa de turn over é baixa: em 2004 foi de 13%.
Empregos.com.br – Que perfil deve ter o profissional para trabalhar na DHL? Como é feita a seleção de funcionários para uma área tão específica?
Maurício Marcon – Temos 8 competência, oriundas do “Motiv8”, mas as mais gerais são honestidade e um histórico idôneo, além de não fazer mau uso dos recursos da companhia. Nossa seleção é feita por meio de análise de currículo, testes e depois entrevista técnica. Damos preferência para indicação de funcionários.
Empregos.com.br – Vocês priorizam algumas faculdades consideradas mais renomadas no processo seletivo?
Maurício Marcon – Para algumas funções sim. Para advogado, por exemplo, exigimos formação na PUC ou na USP. Gostamos de contratar engenheiros, porque é uma formação lógica e só precisamos trabalhar o comportamental. Isso é mais fácil do que pegar uma pessoa muito preparada nas competências mas que precisa aprender engenharia e matemática.
Empregos.com.br – Há perspectivas de contratação de profissionais nos próximos meses?
Maurício Marcon – Devemos crescer de 5 a 8% no quadro de funcionários.
Empregos.com.br – Você consegue definir qual é a visão que os funcionários têm hoje da empresa? Isso está ligado de alguma forma ao turn over? Como o RH trabalha com isso?
Maurício Marcon – Empresa com alto turn over mostra alto nível de insatisfação dos profissionais. Os parceiros da DHL acham que é uma empresa que paga bem e dá suporte social e recursos para trabalhar. Fazemos pesquisa de satisfação constantemente e fazemos entrevistas de desligamento também.
Empregos.com.br – A parceria da DHL Express Brasil com o programa de combate à fome Mesa Brasil, do SESC (Serviço Social do Comércio), para distribuição de alimentos a comunidades carentes iniciou-se a partir de um treinamento do presidente Michael Cânon para voluntário do Mesa São Paulo. Você acha que sem esse envolvimento direto da liderança o trabalho voluntário corporativo não funciona?
Maurício Marcon – Acho que não funcionaria. O grande avalista é o presidente, inclusive porque são quase 15 mil reais por mês de custo. Mas o aval é de interesse também, de aprovar a importância do trabalho. Tanto que as pessoas saem um dia a cada 45 para trabalhar na van que distribui os alimentos e não têm desconto na folha de pagamento. O projeto hoje anda sozinho. Não é obrigatória a participação, mas percebemos que quem participa torna-se alguém mais fácil de lidar, dá mais valor para a comida que come no restaurante da empresa e para as coisas que tem. Dá mais valor à empresa, ao seu trabalho, ao compromisso com uma vida e um trabalho dignos.
Empregos.com.br – Qual o seu grande desafio ainda não superado no comando do RH da DHL?
Maurício Marcon – Harmonizar as culturas das 3 unidades. Eu ainda estou só começando.
Empregos.com.br – Se você pudesse mudar alguma coisa na maneira de fazer RH no Brasil, o que seria?
Maurício Marcon – Eu flexibilizaria as leis trabalhistas para dar mais oportunidades para que as pessoas que possam trabalhar como autônomas ou micro empresas, sem expor a empresa contratante a riscos trabalhistas. É isso que todo mundo quer, mas não aconteceu ainda. Tem muita gente boa no mercado que poderia fazer isso, mas que estão sem emprego porque a única opção legal é a CLT e é um grande custo para as empresas. Sem contar o risco de gastar mais dinheiro com processos trabalhistas.

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