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Por Rômulo Martins
O modelo de sustentabilidade e governança corporativa adotado pelas organizações chegou às universidades. O que antes era teoria ensinada em sala de aula nos cursos de Gestão e MBA, hoje é colocado em prática na academia. Quadro que obrigou as Instituições de Ensino Superior (IES) a repensar sua estrutura curricular para atender às demandas de mercado e os educadores gestores a reverem seu papel.
Impulsionado pela globalização, pelos incentivos públicos e privados e pela busca por profissionais cada vez mais conhecedores de seu campo de atuação e antenados com a realidade local e com o mundo, o ingresso às universidades eclodiu no Brasil na década de 90. As IES perceberam o nicho que adveio com o novo esboço mercadológico e se prepararam para receber o público em massa.
Temas como planejamento estratégico, marketing, liderança e comunicação passaram a ser comuns no meio acadêmico. A estrutura curricular dos cursos foi sendo reformulada com base nas exigências de mercado, a competitividade entre as universidades tomou dimensões colossais e muitas resolveram baratear os cursos para continuar atraindo alunos.
“Isso ocorreu a partir de um aumento na oferta de novas IES que chegaram para concorrer em preço e não necessariamente em qualidade. Para não ficar atrás os educadores passaram a não ser somente educadores, mas convencedores de que as IES em que os alunos haviam se matriculado possuíam diferenciais”, explica Carlos Magno Andrioli Bittencourt, diretor do curso de Ciências Econômicas da PUC Paraná.
Doutora em Administração e Educação, a professora do programa de pós-graduação em Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Maria Lúcia Marcondes Carvalho Vasconcelos, defende que todo educador líder também deve ser gestor, já que precisa administrar orçamento.
A professora entende que a visão acadêmica é o “coração” das universidades, porém afirma que “quem não sabe administrar o todo causa prejuízo à qualidade de ensino”. Para ela, falta profissionalização para o modelo de governança nas IES o que pode ocasionar em distorções sobre o verdadeiro papel do educador gestor.
“O educador gestor tem de ter visão ampla e entender a filosofia da instituição por trás dos preceitos educacionais. Tem de saber quem educa e para quê educa. Deve estar aparelhado para enfrentar questões administrativas, como investimentos e aspectos legais que a universidade precisa seguir”, discursa.
Segundo o coordenador do curso de Negócios Internacionais do Centro Universitário Newton Paiva, Alexandre Miserani, o boom da internet e a globalização da economia transformaram a dinâmica nas universidades e fizeram com que elas passassem a se preocupar mais com a questão das demandas de mercado.
“O Brasil e as instituições de ensino tiveram de se adequar e ficar mais atualizadas. Os educadores precisaram entender que não são mais o centro da sala de aula. Agora, são provocadores para a busca de informação e para estimular os alunos”, revela.
Devido às exigências de mercado, o Newton Paiva encabeçou um projeto que visa preparar as lideranças institucionais (diretores e coordenadores) para conduzirem de forma estratégica as etapas de seu trabalho, unindo os temas “educação” e “organização”.
Ao realizar suas atividades embasados por uma visão sistêmica e estratégica, os educadores também começam a assumir o papel de gestores. Para Carlos Bittencourt da PUC Paraná, eles são e sempre serão agentes de transformação, mas as novas demandas levam-nos a um estágio em que mais conhecimento é necessário.
“O novo educador deve ser proativo, isto é, antecipar-se às necessidades confrontadas no ambiente acadêmico, deve estar sintonizado ao mundo que o rodeia, ser especialista, mas também não desgrudar-se de informações que são disseminadas pela mídia e que fazem parte do dia a dia”, diz.
Exceção A Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo, não precisou se preocupar com a questão da competitividade entre as IES nem por isso foi incorporada a instituições maiores tampouco teve sua demanda de alunos prejudicada.
Coordenador do curso de Jornalismo, Carlos Costa explica que a faculdade é de pequeno porte e que seus educadores líderes devem se atentar à sintonia da estrutura curricular com o que ocorre hoje no mundo. “Não sou incentivado ou cobrado pela maior ou menor renovação de taxa de matrícula por parte dos alunos. O papel de gestor existe na medida em que discuto com a direção da faculdade investimentos e incentivo para os professores se aprimorarem […] É uma situação de privilégio trabalhar na Cásper”, conclui.

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