Carreiras | Empregos

por Renata Marucci
A integração das pessoas portadoras de deficiência na sociedade tem sido uma batalha árdua que agora começa a gerar bons frutos. No dia 03 de dezembro, em que se comemora o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, estimativas calculam que há cerca de 16 milhões de portadores de deficiência no Brasil. Porém, calcula-se que apenas um milhão deles esteja trabalhando, sendo a maioria de forma informal. Mas já tem muita gente trabalhando para mudar isso!
O sociólogo e especialista em relações do trabalho e desenvolvimento institucional, José Pastore é um dos que estão empenhados em conscientizar a população. Ele acaba de lançar o livro Oportunidades de Trabalho para Portadores de Deficiência, o qual traz sugestões para a sociedade colaborar na ampliação das oportunidades de trabalho e mostra possíveis soluções práticas para empresários, recrutadores, profissionais de recursos humanos e chefes em geral.
O maior problema ainda é o preconceito que as pessoas têm em relação ao deficiente. É preciso entender que ele tem condições de exercer uma atividade, e mais, que tem interesse em tudo aquilo que também interessa às outras pessoas. Basta permitir que ele faça o que sabe e o que pode fazer.
“No dia 03 de dezembro vamos celebrar as conquistas desse segmento da sociedade e, principalmente, conscientizar a população sobre o assunto”, destaca Marta Gil, socióloga e gerente da Rede SACI – Solidariedade, Apoio, Comunicação e Informação. O projeto foi criado há um ano e reúne em seu site mais de 600 deficientes físicos de todo o país, colaborando efetivamente para a integração deles na sociedade.
O emprego
O ponto chave para o sucesso da inclusão do deficiente na sociedade é o emprego, tendo em vista que assim aumenta sua autonomia e adquire seu próprio sustento. É um processo gradativo, que consiste na própria aceitação, na compreensão da família e dos amigos e na constante capacitação profissional.
As empresas estão cada vez contratando mais deficientes, principalmente porque existe uma lei que determina que a empresa tenha de 3% a 5% do quadro de funcionários formado por deficientes.
A verdade é que as organizações que arriscaram ou que perceberam o potencial dos deficientes estão satisfeitas. Marta Gil explica que o empresário não tem informações suficientes, além do receio de não saber como aproveitar o profissional.
O caminho mais fácil para as empresas obterem informações sobre o cotidiano dos deficientes é por meio de instituições como a AACD, a ADEVA e a Rede SACI. “Nós somos uma rede, nascemos em rede, trabalhamos em rede e queremos aumentar essa rede”, enfatiza a socióloga que procura aumentar o número de parceiros e trabalhos em conjunto com outras entidades.
Histórias de Vida
Markiano Charan Filho, 37 anos, deficiente visual, é presidente da ADEVA (Associação de Deficientes Visuais e Amigos) e trabalha na CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica de São Paulo). Markiano conta que sempre estudou em escola normal, mas que precisava ter uma professora para dar suporte, traduzir as lições e os livros. Ele confessa que era um pouco complicado, porém nunca sofreu problemas de rejeição.
Aos 17 anos, foi aprovado pela Escola Técnica Federal e teve que correr atrás de alternativas para acompanhar o curso de Ciências da Computação. “Eu me impus, afinal, tinha condições de acompanhar o curso”, valoriza-se Markiano, que desde então vem trabalhando com informática. “O trabalho para o deficiente não pode ser visto como um favor, mas como um direito de qualquer um”, completa o presidente da ADEVA, que acredita que instituições como essa são a melhor alternativa para capacitar o deficiente.
Outro caso é o de Renato Laurenti, que aos 22 anos sofreu um acidente de automóvel, ficou tetraplégico e hoje, após 16 anos, continua se adaptando e se integrando à sociedade.
“No começo foi difícil aceitar, só me preocupava com os exercícios. Não quis sair por mais de 3 anos. Quando comecei a querer sair de novo, os amigos sumiram. Muitas coisas passavam pela minha cabeça, achava que as pessoas não iam gostar de mim da mesma forma. Porém, fui superando e hoje tenho uma vida independente e estou trabalhando na Imagens Educação, em dois projetos: o Estadão na Escola e o Repórter SACI”, conta Renato.
Os problemas existem, é claro, mas o preconceito está diminuindo aos poucos. Muitas pessoas já demonstram maior vontade em colaborar. O que falta agora é qualificar os responsáveis pela adaptação dos espaços físicos para que possam preparar de forma correta os meios de transporte e locais públicos.
“A vida para o deficiente é igual à de qualquer outra pessoa, com a pequena diferença que ele vai precisar de uma ajuda para algumas coisas”, completa Renato. O otimismo é grande. Agora só falta a sociedade fazer sua parte e permitir que as pessoas portadoras de deficiência exerçam seu papel de cidadãos e mostrem do que são capazes.
Dicas para encarar o mundo
1) Você tem que se aceitar e descobrir toda sua capacidade, todo seu potencial.
2) Praticar seu direito de ir e vir, sua cidadania.
3) Cuidar da própria capacitação, estar preocupado em melhorar sua formação, em se atualizar.
4) Se impor, mostrar sem medo que você tem condições.
5) Não esperar paternalismo por parte das empresas.
6) Ir atrás do que você quer para o seu futuro.
 

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