Como ter calma na dinâmica e responder sobre o que eu espero do mercado?
Como fazer para me manter calma diante dos selecionadores? Por que os selecionadores sempre perguntam o que você espera do mercado de trabalho, sendo que o indice de desemprego é muito grande e o tempo de desemprego geralmente confunde a cabeça da gente? O que responder diante dessa pergunta?
Vanessa Cristina Camargo
 
Resposta
Olá Vanessa,
Você traz duas questões interessantes: como manter-se calma diante dos selecionadores e qual a melhor resposta sobre “expectativas”.
No que diz respeito à calma… bem… é uma atitude pessoal que pode ser desenvolvida conforme o ser humano vai adquirindo maturidade. Isso quer dizer que as pessoas imaturas são nervosas? Ou que as pessoas tensas são imaturas? Não, não é nada disso.
Dê uma repassada na sua vida pessoal. Quantas pessoas tensas, ansiosas, nervosas, você conhece que conseguiram maior equilíbrio? Creio que todos nós temos exemplos como este.
A calma vem de diversos fatores: confiança e segurança em si próprio, capacidade de valorizar-se independente do outro, habilidade para observar os acontecimentos ao redor sem se deixar influenciar por eles.
Exemplo prático: você está na sala de espera da empresa BEMESTAR S.A. Você foi convidada a participar de um processo seletivo e está aguardando ser atendida. Ao seu lado, outras cinco pessoas. Alguém inicia o assunto dizendo que está ali para uma entrevista pleiteando o cargo ANALISTA TUDO SR. (e nem é o seu cargo). Ele começa a falar sobre os desencontros que tem tido, as dificuldades de conseguir emprego, a saturação da empresa atual, etc. Você estava calma, tranquila, e começa a refletir que também está passando por algo similar. Em fração de segundos uma torrente de pensamentos vêm à sua mente. Quando se dá conta, está tremendo, suando frio, tensa, insegura.
É algo que ocorre, infelizmente, com extrema frequência. Por que se deixar abater pelo que acontece ao redor? Porque alguma insegurança ou indefinição está lhe afligindo. Então você poderá dizer: “Izabel, é claro que estou insegura! Estou procurando um novo emprego, vou passar por uma entrevista ou dinâmica de grupo, ser analisada e depois? Só Deus e a selecionadora sabem…” Posso lhe dizer que o autoconhecimento pode, sim, levar-lhe a um nível tal de equilíbrio e maturidade que lhe permitirão sentir estas sensações sem que lhe tolham as ações. É plausível sentir medo, por exemplo, sem permitir que este lhe paralise. Pode ser tratado como um “sensor de perigo”, algo que lhe indique alguma ameaça sem, no entanto, impedi-la de prosseguir.
O mesmo ocorre com a calma. Se você fica ansiosa em um processo seletivo, é perfeitamente natural e os selecionadores devem considerar isso. O que pode levar a uma possível desqualificação é o fato de você não conseguir lidar, controlar, equilibrar a ansiedade e a tranquilidade ficar comprometida. Na avaliação dos selecionadores a ansiedade mal controlada pode refletir uma característica sua e, dessa forma, imediatamente se remetem ao cotidiano da empresa. Quer ver?
Imagine você trabalhando na bolsa de valores (sei que o exemplo é extremo mas serve perfeitamente para o que quero demonstrar). Você tem três horas para vender e comprar ações de 20 clientes, todos depositando em você a maior confiança possível, crentes que você irá acrescentar alguns milhões na conta de cada um, naquele dia. Imagine a pressão deste profissional; é absurda, não? E como ele lida com isso? Ele aprende a controlar sua ansiedade, acreditar em si próprio, muito provavelmente gosta do que faz, o que lhe dá maior motivação e interesse em estar ali. Diariamente, cinco vezes na semana, ele passa por isso. É um processo, um ciclo de aprendizagem e autoconhecimento. Um profissional que não consegue equilibrar sua ansiedade certamente não poderá ser contratado.
Enquanto observam os candidatos, os selecionadores refletem sobre “como este profissional se sairia na empresa?”. Os candidatos não se dão conta mas Recursos Humanos está pensando se ele é o indivíduo ideal para as políticas empresariais, se poderá ter um bom relacionamento interpessoal com pares e gestores, se as competências do cargo estão aquém ou além de suas capacidades.
Quanto ao que falar sobre expectativas de mercado, acredito que os selecionadores não esperam “resposta certa” mas “atitude adequada”. Com todos os obstáculos que se interpõem diariamente na vida, esperam que este profissional queira ultrapassar barreiras, mantendo a motivação e utilizando suas melhores habilidades e competências para tal. Querem saber se, mesmo sabendo das dificuldades, você está disposta a enfrentar diversos e enormes impedimentos sem se deixar abater pelo que ocorre ao seu redor. Ou ainda, utilizando os entraves como motivação.
E qual a resposta certa? Aquela que mostra que, ciente da realidade, das dificuldades – mesmo porquê não é possível negá-las – você tem valor, garra, vigor, capacidade técnica para transformar tudo em aprendizado. E a segurança com que você transmitir isso deixará claro que tipo de profissional é você. E espero que a empresa lhe mereça!
Pense que a seleção ideal engloba quatro aspectos: candidato “certo”, na empresa “certa”, no cargo “certo” com a chefia “certa”. Qualquer coisa que fuja disso poderá significar demissão e novo processo seletivo.
Reflita bastante e espero que veja o quanto esta caminhada, difícil, vale a pena.
Sucesso e paz profunda a você.
Dra. Izabel Failde