Carreiras | Empregos

por Camila Micheletti
Repare por alguns segundos no presidente da empresa em que trabalha. Você já quis ocupar o cargo dele? Não pense apenas no salário atraente, nos horários flexíveis e na sala particular. Reflita também sobre as responsabilidades e atribuições do cargo e, mais do que isso, toda a trajetória que ele percorreu para chegar lá. Pois é, a vida de um profissional que chega ao cargo máximo da empresa nem sempre é um mar de rosas, apesar de ter seus privilégios. E, por incrível que pareça, se fosse feita esta pergunta a profissionais de várias áreas e segmentos, muitas vezes a resposta seria “Não, obrigado. Estou bem onde estou”.
Seriam esses profissionais menos ambiciosos e sem vontade de vencer na carreira? Ou será que o conceito de evolução pode variar de pessoa para pessoa, e há outras formas de ser bem-sucedido sem ter que almejar cargos de liderança? Segundo os especialistas ouvidos pelo Empregos.com.br, a segunda alternativa é a correta, e inclusive é muito freqüente no meio corporativo.
De acordo com Rubens Gimael, diretor da NeoConsulting, especializada em headhunting e coaching para pessoa física e jurídica, o desenvolvimento de carreira pode ocorrer de várias formas, e nem sempre para cima. Ele explica que tudo depende da forma como o profissional encara sua carreira e até onde quer chegar. “Muitas pessoas são ótimas números 2, têm consciência disso e não querem sair da posição em que se encontram”. Segundo ele, nesse caso o ideal é buscar o crescimento dentro da sua área de atuação, seja dentro da empresa que trabalha ou mesmo em outra organização. “A vida profissional não está restrita ao nível hierárquico. Não podemos confundir crescimento profissional com promoção”, afirma Rubens.
Pode acontecer também do profissional subir na carreira por força da empresa, e acabar não se adaptando à nova posição. “O jogo empresarial é pesado e é preciso cautela na hora de aceitar o novo cargo. Por exemplo, no caso de você ser um analista de projetos e seu gerente pedir demissão, seria natural que você ocupasse o lugar dele. Para muitas empresas o funcionário não tem querer nessa história, eles não querem ter o trabalho de recrutar e treinar outra pessoa”, analisa João Florêncio, Consultor em Educação Continuada e Gestão de Carreiras e professor de Gestão Estratégica de Carreiras do curso de pós-graduação em Recursos Humanos da UNIMEP – Universidade Metodista de Piracicaba.
O consultor diz que cabe à organização, através de entrevistas e dinâmicas, identificar quais profissionais podem liderar equipes. Para chefiar pessoas é preciso ter algumas características pessoais da personalidade, como espírito empreendedor, proatividade, bom relacionamento interpessoal e capacidade de motivar pessoas. “O fato é que poucas são as pessoas que apresentam essas características e têm o perfil de líderes”, comenta ele.
Qual seria a solução para quem não quer liderar equipes, mas mesmo assim quer crescer profissionalmente? A resposta é: cresça para os lados! Para o professor João Florêncio, a nova estrutura organizacional das empresas, cada vez mais achatada e sem muitos níveis hierárquicos, possibilita isso: “Você pode ir para uma filial, ou mesmo candidatar-se ao recrutamento interno da empresa e galgar uma vaga em outra área ou departamento”.
O grande problema de dizer não para aquela promoção, no entanto, está no fato de que ela pode não acontecer novamente. “Quando você opta por não aceitar o novo cargo, praticamente anula as chances de que isso ocorra no futuro, já que a empresa conhece as suas pretensões e não vai insistir. Só o futuro vai dizer se você fez certo ou não, portanto é preciso pensar muito antes de tomar qualquer decisão”, avalia o professor.

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