Carreiras | Empregos

Por Clarissa Janini
Se você já cogitou incrementar seu currículo com algumas mentirinhas, cuidado. Não dizer a verdade pode custar-lhe a vaga pretendida e até causar constrangimento. Os processos seletivos contam, atualmente, com profissionais preparados para detectar detalhes mínimos de contradições ditas no currículo e, mais tarde, na entrevista de emprego. “Costumamos dizer que sabemos mais da vida do candidato do que ele próprio”, brinca Fabiola Lencastre, gerente regional do Grupo Foco de Campinas. Segundo ela, “o currículo é um documento profissional, por isso orientamos o candidato a não mentir ou omitir qualquer informação”.
Um tipo de avaliação bastante aplicada é a seleção por competências, em que o entrevistador pede ao candidato que comente algumas de suas experiências de acordo com o declarado no currículo. Se você, por exemplo, alegou possuir competências em liderar equipes, o avaliador irá questioná-lo sobre algum episódio que retrate essa característica. “É muito fácil detectar alguma falha, pois a pessoa não consegue completar a história”, afirma a consultora Cecília Junqueira, especialista em orientação profissional e diretora da Cecília Junqueira & Consultores.
Por isso, é recomendável, novamente, ser sincero e estar ciente de suas capacidades e qualificações. Especialistas afirmam que, mesmo que a mentira passe incólume pelo entrevistador, o candidato corre o sério risco de não conseguir desempenhar as funções a ele destinadas após a contratação. “Se a pessoa não tiver as condições pré-requisitadas, não dará conta do recado mais tarde. É importante não forçar a barra, pois existem pessoas que até adoecem em decorrência disso”, completa Cecília.
Mentiras de acordo com o cargo
Para José Duarte Vieira, diretor comercial da HumanData, empresa que produz softwares de mapeamento de competências, o tipo e a incidência de mentiras varia de acordo com o cargo pretendido. Ele divide quatro posições diferentes:

  • Cargos operacionais
    “Verificamos que em aproximadamente 20% dos casos há inverdades de pequena envergadura, como formação escolar, profissional, experiência, conhecimentos, entre outros”.
  • Cargos de chefia baixa ou média
    “Neste caso, nossa estimativa sobe para um patamar de 50% e contêm inverdades mais problemáticas, tais como: formação escolar, profissional, áreas de responsabilidade, número de subordinados e, principalmente, experiência, comportamento e conhecimentos. Como neste patamar testes são bastante comuns, há um sério risco de ser ‘descoberto'”.
  • Cargos de chefia média ou alta
    “Cerca de 30% contêm inverdades bem mais graves e problemáticas. Razão: essa pessoa conhece o funcionamento interno das empresas, sabe das limitações de um RH em fornecer “verdades” e que só muito veladamente podem transparecer problemas, tais como falta de honestidade. Como neste patamar são comuns testes mais sofisticados, o risco de ser ‘descoberto’ é razoavelmente elevado, mas desprezado”.
  • Cargos de alta chefia
    “Neste caso acreditamos que as alegações são verdadeiras em mais de 80% dos casos. As mentiras mais comuns giram em torno de amplitude da responsabilidade, salário, benefícios, subsídios, participação nos lucros e prêmios”.
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