Carreiras | Empregos

Por Camila Micheletti
No mundo corporativo e globalizado, demitir e ser demitido virou rotina. Só que o impacto da demissão ainda é dramático, especialmente do ponto de vista emocional. A auto-estima e a segurança costumam despencar, enquanto surgem a revolta, a culpa e a tristeza. Às vezes, a depressão se instala e a pessoa leva anos para se levantar. O que fazer com esses sentimentos que atrapalham a vida? Uma das respostas é: transformá-los em estímulos para crescer.
É esta motivação que traz os livros que falam sobre o momento do desemprego, cada vez mais freqüentes nas livrarias do País. Uma busca pelo site de comércio eletrônico Submarino pela palavra “emprego” retornou 68 produtos. Descontando os livros que usam a palavra mas tratam de um assunto completamente diferente, pode-se dizer que pelo menos 45 títulos falam do emprego, trabalho ou da falta deste, entre títulos nacionais e importados.
A quantidade de títulos sobre o mesma tema pode demonstrar um amadurecimento do profissional e do mercado de trabalho. Os autores dos livros citados nesta reportagem afirmam que esta mudança se deu por conta do mercado cada vez mais competitivo e seletivo, o que faz que o indivíduo reflita sobre suas condições, passe a se conhecer melhor e fazer o que quer realmente, que lhe dá mais prazer e satisfação. Taxas recordes de desemprego em todo o país também contribuem para esta preocupação, e fazem com que o profissional fique mais atento e busque obras com dicas e sugestões de como ter o seu diferencial no mercado de trabalho.
“Foi um tremendo chacoalhão, mas que veio em boa hora”. É assim que a jornalista Chantal Brissac define o momento que foi demitida, há dois anos. Chantal conta que, ao contrário da maioria das pessoas, que ficam muito abaladas e chegam até a entrar em depressão, ela agiu diferente. Soube superar as dificuldades e teve um olhar positivo sobre a demissão. Procurou identificar o que poderia aprender e tirar de bom da situação – e foi aí que surgiu a idéia do livro Demitido? Sorte Sua! Como superar a crise e dar a volta por cima, que ela escreveu junto com a também jornalista Sílvia Lenzi.
“As pessoas precisam entender que o desemprego é um evento passageiro, que pode acontecer com qualquer um. É fundamental ter uma atitude positiva, manter a cabeça erguida, fazer um planejamento de carreira e ir à luta”. Chantal diz que o tema desemprego ainda é um tabu para a sociedade, as pessoas não gostam nem de ouvir falar, e cultivam uma idéia errada de que perder de emprego é sinal de despreparo, fraqueza e falta de capacidade. Segundo ela, o profissional precisa dar o peso necessário para o evento. “Claro que é difícil e às vezes leva tempo conseguir uma recolocação, mas também não é o fim do mundo. O mercado está em constante movimentação e, por mais bem empregado que você esteja atualmente, é preciso ter sempre um plano B”. “O livro não fala só para quem foi demitido, é um convite ao questionamento da vida profissional. Porque muitas pessoas emendam um trabalho no outro e não se questionam se estão no caminho certo e felizes”, completa.
Estar preparado para a mudança fica muito mais fácil quando você tem um planejamento de carreira. Este é um dos assuntos tratados no livro Emprego não cai do céu. Como planejar sua vida para garantir empregabilidade, escrito em parceria por Henrique Flory, Marcel Ferrada e outros três especialistas. De acordo com Henrique, a principal mensagem do livro é apoiar um planejamento de vida baseado em ferramentas de planejamento estratégico, como aquela que delimita sua missão de vida, visão e valores. Henrique, que é diretor da UNIP, instrutor profissional de esportes de aventura e, nas horas vagas, pratica paraquedismo, usou os princípios do esporte na construção do livro.
“Quando você está na porta do avião se preparando para saltar, a primeira coisa é não se desesperar. Precisa identificar o problema, decidir o que fazer e agir. Decidi usar as premissas do esporte, que tem uma grande identificação com os jovens, um dos públicos que o livro pretende atingir”. Na hora de decidir que profissão escolher, por exemplo, muitas pessoas acabam tomando a decisão errada, porque aceitam a escolha dos pais ou dos amigos, e não as delas. Além de ajudar na escolha da carreira, o livro também pretende dar ao leitor um entendimento mais completo sobre si mesmo, mostrar como ele pode estar inserido no mundo.
Como no livro de Chantal e Silvia, a obra de Henrique Flory também mostra que não é pecado nem demérito mudar. “A vida pode e deve ser planejada e vivida, mas sempre vão existir surpresas. Reposicionamentos são naturais na vida”, afirma o autor. Ele mesmo é um bom exemplo. Largou a faculdade no segundo ano e foi para Jericoacoara, praia paradisíaca de Fortaleza, no Ceará, período em que o dinheiro era o que menos importava para ele. Lá trabalhou como pescador, motorista de jipe e ajudante de obras. Depois voltou para São Paulo, formou-se em Matemática pela UNIP e começou a trilhar uma carreira acadêmica na própria universidade.
Tanto Chantal quanto Henrique e Marcel pretendem escrever mais livros sobre o assunto. Marcel Ferrada, que é graduado em Psicologia e atua como consultor, professor e tradutor de livros de psicologia, já tem até um concluído: Empregabilidade em tempos de turbulência, que deve ser lançado ainda este mês de novembro. Segundo ele, para escrever sobre algo é fundamental ter uma experiência acumulada em uma área específica, que possa ser compartilhada. Marcel alerta que não é um processo muito fácil. “As dificuldades podem aparecer quando o autor escreve em parceria com outras pessoas, e falta diálogo e sintonia entre a equipe. Além disso, você não pode ter medo de colocar o que acredita e defende”.
O mercado está aí, ávido por lançamentos que abusem da criatividade e tenham o seu diferencial. Isso não vale só para livros sobre gestão e emprego, mas títulos em qualquer área do conhecimento. Se você se animou e quer colocar no papel idéias que há muito povoam a sua cabeça e possam interessar aos leitores, o Empregos.com.brpreparou para você uma reportagem sobre o assunto, que mostra como escrever um livro e traz exemplos de gente que escreve há muito tempo – e também quem acabou de começar nesta empreitada. Pode ser uma opção de carreira, se você tiver muito talento e as editoras gostarem do seu trabalho. Mas, de qualquer forma, não deixa de ser uma grande satisfação ver uma obra de sua autoria sendo lida em pleno domingo à tarde, no banco da praça.

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