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por Camila Micheletti
Formado em Administração de Empresas pela UFRRJ, em Marketing pela ESPM, em Eletrônica pelo CEFET-RJ e pós-graduado em Docência do Ensino Superior pela UCAM, Alberto Alvarães é Consultor organizacional, Professor universitário e possui certificação internacional em Coaching. Ao longo de sua carreira fez vários cursos de especialização, trabalhou e prestou serviços à várias empresas nacionais e multinacionais, no Brasil e em outros países, tornando-se um especialista em consultoria e treinamento na área de Recursos Humanos.
Empregos.com.br – O que é a Pesquisa de Clima Organizacional e qual o seu objetivo?
Alberto Alvarães – A Pesquisa de Clima Organizacional é uma das principais ferramentas que possibilitam fazer um diagnóstico organizacional. Através de entrevistas individuais e questionários por escrito, é possível extrair dos funcionários as suas impressões e informações valiosas sobre a empresa.
Empregos.com.br – Como tem sido a utilização da pesquisa em empresas brasileiras?
Alberto Alvarães – A pesquisa de clima surgiu na Inglaterra e ainda é muito recente por aqui. Começou a ser utilizada por empresas de origem inglesa e multinacionais, mas ainda não é muito difundido. O grande problema da pesquisa envolve o custo, que pode ir de R$ 2.000 a 10.000 reais, dependendo do porte da empresa e número de funcionários. Também ainda persiste aquela velha idéia de que a empresa não precisa – e não quer – ninguém de fora opinando sobre suas estratégias, por incrível que pareça ainda tem muita organização que pensa assim. Mas eles não se dão conta que justamente o consultor externo é a melhor pessoa para avaliar e ajudar a empresa a sanar os problemas e construir suas ações para o futuro, já que não está envolvida no processo.
Empregos.com.br – Quando e em que situações ela deve ser aplicada?
Alberto Alvarães – Normalmente a própria empresa sente a necessidade de mudança, e resolve fazer a pesquisa para identificar o que está errado. Mas é bom deixar claro que não adianta apenas fazer a pesquisa. Com base nos resultados, é preciso implantar as ações necessárias – seja ela a necessidade de treinamento de liderança para os executivos ou a melhoria na comunicação interna da empresa. Com isso é possível analisar como foi o retorno e saber se as ações atenderam as expectativas.
Empregos.com.br – Como saber se a minha empresa precisa de uma PCO? É válida para todo tipo de organização?
Alberto Alvarães – Sim, eu acredito que toda empresa precisa de uma avaliação de clima, porque tem muitas coisas que escapam da vista do RH e da diretoria. Fiz uma pesquisa nas empresas que presto consultoria, que acusou que 30% dos resultados eram totalmente desconhecidos para o board. E na maioria das vezes são coisas simples, que não têm um custo muito alto mas podem deixar os funcionários insatisfeitos e ser a causa da alta rotatividade na empresa. Por exemplo, certa vez, durante as entrevistas com os funcionários, que faço pessoalmente com cada um, alguns comentavam que não se sentiam muito seguros na empresa. Coloquei esta questão no questionário escrito e não deu outra: a maioria afirmou que considerava a empresa muito vulnerável e que ela corria o risco de ser assaltada a qualquer momento. Ao tomar conhecimento da questão, a diretoria contratou um serviço de segurança patrimonial, ação que deixou os funcionários muito satisfeitos e bem mais tranqüilos.
Empregos.com.br – A pesquisa de clima é o primeiro passo rumo a implantação de um planejamento estratégico?
Alberto Alvarães – Sim, com certeza. A Pesquisa de clima é 50% do peso de um planejamento estratégico. É a semente de tudo, a partir dos resultados obtidos na pesquisa que o RH e demais setores da empresa vão planejar o que fazer daqui para frente.
Empregos.com.br – Quais as etapas mais importantes da PCO? Detalhe cada uma delas e o resultado obtido.
Alberto Alvarães – A primeira parte é a coleta de informações, feita através de entrevistas pessoais. Faço amostragens separadas com os funcionários, o departamento de RH, diretoria e parceiros. Depois entra a implantação, onde crio um questionário adaptado para as necessidades daquela empresa; faço a análise das informações, que inclui o cruzamento de dados e o diagnóstico e, por fim, apresento os resultados, primeiramente apenas para os diretores e o RH, depois para os funcionários. É fundamental que todos os colaboradores recebam um feedback do processo.
Empregos.com.br – Quanto tempo leva, em média, para ser feita a pesquisa?
Alberto Alvarães – O tempo é muito pessoal e pode variar de empresa para empresa. Mas em uma empresa de 500 funcionários, por exemplo, todas as etapas que comentei aqui, da entrevista inicial à apresentação dos resultados, duram cerca de três meses.
Empregos.com.br – Qual o papel do profissional de RH para um bom andamento da Pesquisa?
Alberto Alvarães – O profissional de RH é peça fundamental no meu trabalho, já que é a partir dele, que conhece os seus clientes internos melhor do que ninguém, que posso conseguir informações muito importantes, principalmente na pré-coleta dos dados. Eu não apresento os resultados finais sem antes ter o aval do RH, busco saber a sua opinião e saber se tem alguma informação muito distante da realidade da empresa. Mas para isso acontecer de forma saudável é preciso que o RH da empresa não veja o consultor como um adversário, e sim como um recurso. Já aconteceu da diretoria da empresa me contratar para fazer a pesquisa e o RH ficar com aquela cara de “O que ele está fazendo aqui?”. Não quero tirar o lugar de ninguém, e às vezes parece que eles não entendem isso!
Empregos.com.br – É comum haver algum tipo de resistência por parte dos funcionários?
Alberto Alvarães – Para não ocorrer resistência, normal em qualquer processo de mudança, é fundamental criar um clima de confiança na empresa, mostrando aos funcionários que a pesquisa é uma ferramenta de melhoria do processo organizacional. Quando sinto um clima pesado costumo fazer uma palestra de apresentação para os funcionários e mostro o que é a pesquisa, como está estruturada e quais são os seus objetivos. Mas também existe o outro lado da questão: se por acaso o consultor for contratado para fazer a pesquisa e mascarar as informações a pedido da empresa, e isso é facilmente descoberto, acabou a carreira dele na área de RH. A dica vale para os consultores: jamais se deixem levar pela empresa, prezem a ética profissional acima de tudo.
Empregos.com.br – Quais as reclamações mais freqüentes nas organizações brasileiras, na sua opinião?
Alberto Alvarães – Noto uma grande deficiência no plano de cargos e salários e também no plano de carreira dos profissionais, a maioria das empresas ainda não apresenta esse benefício, que é muito requisitado pelos funcionários. A avaliação de desempenho é outro quesito importante, eles se sentem muito motivados quando percebem que a empresa decide investir neles. Da mesma forma, também é comum a carência de capacitação na área comportamental (trabalho em equipe, liderança, etc), que está ligada à avaliação de desempenho. Outra questão que sempre sai nas pesquisas é a falta de uma comunicação organizacional, os funcionários se sentem abandonados e não são informados sobre as novidades da empresa como gostariam. E como a questão da comunicação é fácil de ser solucionada e tem um custo baixo, então a primeira coisa que as empresas fazem, ao receberem o resultado da PCO, é implantar um meio de comunicação para os funcionários, como um jornalzinho interno, por exemplo.
Empregos.com.br – Você está com algum projeto em andamento?
Alberto Alvarães – Sim, com certeza. Meu livro “Como perder seu cliente em 14 lições”, escrito em parceria com Valéria Beltrão, será lançado em Abril ou Maio pela Editora Qualitymark. Paralelamente a isso, vou lançar em Maio um curso de pós-graduação para analistas de RH, na UNIABEU. Isso porque os cursos de Administração com ênfase em RH que existem atualmente no mercado têm um cunho acadêmico extremo, e a idéia deste curso é ser bem voltado para a prática do RH nas organizações.

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