Carreiras | Empregos

por Wagner Siqueira*
Diz meu amigo Mário Galvão que premonição é aquela capacidade de sempre levar mais munição do que a que parecia necessária ao sair para caçar.
Os problemas que o mercado de trabalho oferece hoje sugerem que se busquem soluções a partir de um princípio bem semelhante: o da empregabilidade.
Quando, diante de uma dada necessidade, reviramos nossas gavetas e pastas de papéis pessoais para a confecção de um currículo é muito comum nos depararmos com cursos que fizemos, coisas que aprendemos, o que disseram sobre nós e nosso trabalho, declarações e certidões, etc, dos quais já nem tínhamos a menor lembrança.
Basicamente, a empregabilidade – ou aquela “premonição”… – consiste exatamente nisto: reaproveitar potenciais que tínhamos, dos quais não vínhamos fazendo uso, mas que, num momento de dificuldade de emprego, nos podem ser muito úteis.
É preciso, porém, que estimulemos isso constantemente. Revirar nosso “baú de aptidões” só na hora de procurar emprego é perigoso. Avalie sua capacidade sempre, com toda a minúcia possível, com mente aberta e espírito criativo. Do contrário, se não virmos os fatos com as lentes da criatividade, dificilmente poderão aquelas “auto escavações arqueológicas” fornecer material para qualquer espécie de solução para tocar um trabalho em novos termos.
Mesmo analisando periodicamente o desenvolvimento das habilidades não é raro percebermos que às vezes deixamos de usar este ou aquele conhecimento, esta ou aquela capacidade, e isso acontece provavelmente porque não lhe damos importância, ou porque nossa atividade não exige seu uso.
Ora, o “estado de necessidade” – e o desemprego é, em termos, um deles – está capitulado, até, no Código Penal. Assim, pois, se não estamos conseguindo emprego com o diploma e a experiência que até o último posto de trabalho ocupado nos vinham servindo, por que não fazermos uso de outras das nossas potencialidades? Se tivermos consciência de nosso potencial, num momento de crise será mais fácil inventariar em nós mesmos tudo o de que somos capazes de lançar mão para conseguir trabalho.
E, não raro, resultados surpreendentes podem resultar disto. O Rio de Janeiro tem hoje um excelente exemplo disto. Uma profissional, que exerceu sua profissão durante anos, de repente ficou sem emprego. Não sendo muito jovem e não tendo outra profissão, parecia condenada ao desemprego. Até que, durante uma festa, embora só conhecendo a amiga que a levara, viu-se disputadíssima para dançar.
Pensou naquilo criticamente. Tomou suas resoluções. Batalhou, passou por um período muito difícil. Hoje, é uma das mais requisitadas e mais bem pagas professoras de dança de salão da cidade. Não sei se já tem uma academia. Mas sei que segue ativa. A última que ouvi falar dela soube que estava dando aulas numa capital do Sul do País.
O fato é que, em épocas de crise, recursos e potencialidades arquivadas podem resultar em soluções provisórias ao menos até que surjam novas luzes ao final do túnel. E se você tiver consciência disso, o desespero será menor, inclusive porque a revirada no baú será menos trabalhosa do que no caso de quem deixa para buscar alternativas só na hora em que o problema aparece.
Empregabilidade requer auto-conhecimento e auto-estima, identificação constante de oportunidades no mercado, além de uma verdadeira garimpagem do próprio potencial de trabalho.
* Wagner Siqueira é Presidente do CRA-RJ e Membro do Conselho Estadual de Educação/RJ.
 

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