Carreiras | Empregos

Por Rômulo Martins
Os profissionais paulistas já sabem. Fumar no ambiente de trabalho é expressamente proibido desde o último dia 7, quando entrou em vigor a Lei nº 13.541, do Estado de São Paulo.
Qualidade de vida, saúde e bem-estar são temas que agora, efetivamente, estão se tornando relevantes nas empresas paulistas. Informações sobre a proibição do cigarro estão no ar – e estrategicamente exibidas – em cartazes, murais, intranet e sites institucionais.
A força da lei antifumo deu um basta nas nuvens de fumaça que pairavam em salas e corredores das corporações e trouxe um agravo: se antes existiam espaços reservados para atender às necessidades dos colaboradores fumantes como lidar com a nova realidade agora que os fumódromos foram banidos nas empresas?
Mas nem todas as organizações precisam se preocupar com essas questões. Isso porque algumas delas perceberam os malefícios do cigarro no meio institucional há algum tempo e resolveram antecipar a lei.
Diante disso, instituições encabeçaram campanhas antitabaco a fim de banir o cigarro e propiciar melhor qualidade de vida no ambiente corporativo. Elas iniciaram seus projetos com a realização de palestras de cunho educativo sobre os malefícios do fumo e com a utilização de ferramentas de comunicação para difundir suas ideias. Os fumantes foram orientados a realizar tratamento. Para eliminar de vez o fumo, as empresas suprimiram fumódromos e cinzeiros antes mesmo da imposição da lei.
Pela iniciativa, foram contempladas com o selo “Ambiente Livre de Tabaco”, da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo. “Fizemos uma pesquisa entre maio e junho do ano passado e descobrimos que 15,5% dos funcionários eram fumantes. Destes, cerca de 80% gostariam de deixar o cigarro e 70% queriam ajuda médica”, diz o médico do trabalho e gerente da área de saúde corporativa e bem-estar do Grupo Schahin, Paulo Spezi.
O programa “Viva Bem. Trabalhe Bem” do Schahin prevê acompanhamento médico e psicológico, além de subsídio na compra de medicamentos. Incentiva ainda a adoção de hábitos saudáveis, como a prática de atividades físicas e alimentação balanceada, e ensina a combater algumas doenças crônicas, como diabetes e hipertensão.
Por meio do projeto, dos 18 colaboradores que realizam terapia uma vez por semana 80% pararam de fumar. “A maioria das pesquisas americanas aponta que a produtividade dos trabalhadores fumantes é afetada e que os gastos com eles são maiores porque estão mais vulneráveis às doenças, além de faltarem mais ao trabalho”, diz Spezi.
Para o diretor de Recursos Humanos da Editora Escala, José Ricardo Melenchion, é necessário realizar trabalho de médio a longo prazo para provocar mudanças na cultura organizacional e desenvolver a consciência socioambiental nas corporações.
Também preocupada com a qualidade de vida e o bem-estar social dos colaboradores, a editora lançou no início de 2007 o programa “Ambiente Livre de Tabaco”. Naquele ano a empresa tinha 184 funcionários, 21% deles fumantes. No final do ano passado, dos 280 colaboradores 7% fumavam.
Aos poucos, o fumo foi totalmente abolido da empresa. “Conseguimos criar um ambiente de trabalho mais saudável e formar funcionários mais conscientes sobre os malefícios do cigarro, que podem contribuir para a diminuição do fumo em todos os seus ambientes de convívio. Hoje, nenhum funcionário fuma nas dependências da empresa em respeito à qualidade de vida e à saúde coletiva”, diz Melenchion.
Tentar mudar a cultura da empresa para adaptá-la à lei antifumo sem ter realizado um trabalho de base pode gerar agravantes. “Os fumantes vão passar por sintomas de abstinência”, adverte o médico pneumologista Ciro Kirchenchtejn, coordenador do HelpFumo, centro de tratamento especializado na dependência do cigarro.
Segundo ele, trabalhadores fumantes já têm alterações comportamentais que afetam a concentração e a produtividade, uma vez que eles ficam mais doentes, ausentam-se mais no trabalho e por isso podem render menos. Na impossibilidade de deixar as dependências da empresa para fumar durante o horário de expediente “eles vão ficar mais nervosos, inquietos e com menor capacidade de concentração”, alerta o médico.
Mas atenção: o aviso não vale para as empresas que anteciparam a lei!

Avalie:

Comentários 0 comentário

Os comentários estão desativados.