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Por Clarissa Janini
Muito propagado nos dias de hoje, o termo “RH estratégico” faz parte do vocabulário da maioria das equipes de Recursos Humanos de grandes empresas. Mas o que é, efetivamente, um RH estratégico? Para saber a resposta, oEmpregos.com.br entrou em contato com diversos profissionais e especialistas na área. Segundo a maioria dos entrevistados, para o RH ser considerado estratégico deve estar alinhado com os negócios da empresa, “fazer parte das decisões, estar junto dos gestores, e não a reboque”, diz Rijane de Mont’Alverne, presidente do Conselho Deliberativo da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos) Nacional.
Para que isso aconteça, é importante que a própria empresa tenha suas diretrizes bem definidas e focadas, especialmente, no potencial humano da organização. “Na década de 90, o diferencial de uma empresa para outra era a tecnologia. Hoje, ela só serve para equalizar uma companhia à outra. O diferencial, mesmo, é o capital intelectual”, afirma Armando Lourenzo, diretor de educação continuada da Universidade Anhembi Morumbi. A liderança deve estar ciente dessa tendência e investir no desenvolvimento do profissional de RH. “O gestor deve colocar as pessoas à frente do negócio, pois o grupo acaba tendo o tom do líder”, diz Ana Gimenez, consultora de RH da LCZ.
Essa tendência não atinge só o Brasil. Carla Dalla Zanna, consultora da Marcondes & Associados, diz que o conceito de RH estratégico está sendo aplicado em larga escala na Europa. Nas empresas norte-americanas, ao contrário, a função estratégica é raramente posta em prática. “No Brasil, eu diria que está meio-a-meio”. Marcelo Cardoso, gerente geral da DBM no Brasil, vai além. “Existem ciclos no RH. A primeira geração foi a do Departamento Pessoal; a segunda, do RH entendendo do negócio, da estratégia; agora, o momento é desafiador: o RH ficou tão perto do negócio que ficou longe das pessoas. Encontrar o meio-termo nem sempre é fácil”. Segundo ele, hoje em dia os focos do RH estão bastante misturados, mas “as empresas estão se articulando para buscar profissionais dessa terceira geração”.
Banalização?
É visível que o termo está, há tempos, em ascensão no discurso dos profissionais do ramo. Darci Garçon, headhunter da Tag Consultores Associados, afirma que “do lado dos RHs dá mais status ser estratégico. Essencialmente porque quem não é estratégico é confundido com a famosa figura do “Gerubal Pascoal”, o chefe de pessoal, personagem do passado”. Mas será que as estratégias são realmente postas em prática? Grande parte dos entrevistados afirmou que há muito mais teoria do que realmente ações por parte dos RHs. “Acredito que são poucos os RHs realmente estratégicos. A maioria ainda é muito operacional”, diz Ana.
Já Carla acha que existe “banalização da palavra, mas não do conceito, que é cada vez mais aplicado”. Para Rijane, é positivo que a palavra seja amplamente divulgada. “Tem que ser repetida para lembrar que o RH deve ser estratégico”. Ela afirma que a prática está sendo gradualmente ampliada e acredita num futuro promissor e cada vez mais ativo para o departamento.
Estratégia na prática
Em muitas empresas, o departamento de RH possui até outro nome e subdivisões que delimitam diferentes funções. Na SPCOM, empresa especializada em call center, existem dois departamentos separados: o de RH, que cuida da parte burocrática e operacional, e o Talentos, direcionado para a gestão de pessoas. “Criamos o Talentos exatamente para termos foco nos funcionários, pois preparamos e investimos bastante no desenvolvimento dos colaboradores”, declara Marcelo Pedra, gerente de RH da empresa. O departamento já existe há dois anos e vem dando bons resultados. “Nosso turn over diminuiu bastante. Damos condições de crescimento e perspectiva de carreira para os funcionários, por isso é mais fácil reter os talentos”, acrescenta.
Investir em treinamento e capacitação dos funcionários e do próprio departamento é outra característica apontada como essencial para um RH ser estratégico. Na W2 Comunicação e Negócio, especializada em treinamento empresarial, a demanda por serviços requisitados pelos RHs tem crescido cada vez mais. “Os resultados são construídos por meio de pessoas, e os profissionais de RH estão cientes disso e buscando cada vez mais aprimoramento para seu pessoal e para si próprio”, diz Alexandre Vecchio, consultor da empresa.
Se existe um consenso em relação ao assunto é que as empresas estão enxergando cada vez mais a importância dos colaboradores dentro da corporação. Para José Duarte Vieira, diretor comercial da HumanData, que desenvolve programas de mapeamento de competências, “nem fábricas avançadas, equipamentos sofisticados, robôs ou tecnologia de ponta alteram a necessidade de se ter, adquirir e manter funcionários. Políticas sociais atrativas, salários interessantes e promessas de carreira, porém, não seguram esses profissionais se eles não se sentirem inseridos e fazendo parte integrante na gestão estratégica de seu lugar de trabalho”.

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