Carreiras | Empregos

Por Gutemberg B. de Macedo*
O estágio em país estrangeiro é de vital importância para o desenvolvimento e maturidade de um jovem que aspira empreender uma carreira profissional em uma economia globalizada, competitiva e veloz. Afinal, as empresas guerreiam pelos melhores talentos e eles podem ser selecionados e recrutados nos diferentes continentes do planeta. As fronteiras profissionais há muito foram demolidas e o talento humano não tem cor, etnia, sexo, religião ou ideologia política. É minha convicção e posição que todos os profissionais deveriam cultivar uma educação e competências interculturais.
Portanto, é desejável e recomendável que, antes mesmo de seu ingresso no mundo dos negócios, viaje pelos principais países do mundo e depois escolha um onde possa permanecer pelo período de um a dois anos.
A permanência prolongada o fará  apreciar e aprender sobre as diferentes peculiaridades do país que escolheu para fazer seu estágio – sua história, seu sistema de governo, suas leis e costumes, seu folclore e seus heróis, sua arte e arquitetura, sua música, seu sistema de ensino,  sua religião, sua culinária, seu povo, entre outras questões que, de outra maneira, seria extremamente difícil de conhecê-las e absorvê-las. Isso para não falar sobre os benefícios de um ou mais idiomas aprendidos.
Falo por experiência própria. Vivi, estudei e trabalhei nos Estados Unidos durante cinco anos e meio. Posso afirmar, sem qualquer sombra de dúvida, que esse foi um dos períodos mais ricos de minha vida em todos os sentidos. E, mais, incentivei meus filhos a fazerem o mesmo. E foi o que eles fizeram. Hoje, todos falam inglês fluentemente e têm uma visão macro do mundo.
Mas, residir e estagiar no exterior tem as suas armadilhas:
1) O jovem poderá desejar se cercar e se confraternizar apenas com outros jovens de seu próprio país. Esse é um erro lastimável, visto que aprenderá muito pouco sobre o modus operandi do país que escolheu para estagiar. Ele deve conviver com as pessoas originárias do próprio país. Isto não significa excluir outras pessoas de seu relacionamento. A prioridade, entretanto, são as pessoas locais.
2) Ele, a cada momento, será tentado a fazer comparações incabíveis sobre o país onde estagia e o seu próprio. Como sabemos, cada povo, cada país tem características próprias – defeitos e virtudes. Portanto, nunca se deve esperar que as pessoas ajam como nós agimos, pensem como nós pensamos e gostem do que nós gostamos. O ideal é curtir a estadia como um nativo.
3) Cultivar a síndrome do desvalido ou subdesenvolvido, como descrita nas expressões: “eles nos tratam como pessoas inferiores”, “eles aqui não dão a menor importância a estudantes estrangeiros”. Esse é um equívoco que tem sido responsável por inúmeras decepções por parte daqueles que estagiam no exterior. O problema não está nos nativos do país. Ele está em nós, na maioria das vezes. Sabemos que a cultura japonesa promove um sentimento de identidade grupal. Na Indonésia, quando alguém faz negócios, apertar a mão é aceitável e recomendável, porém presentear com a mão esquerda é inaceitável.
4) Praticar atos incompatíveis com o grau de civilidade exigido de um visitante em terra estrangeira – falar em voz alta e gargalhar de maneira exagerada, jogar lixo no chão, não respeitar o direito alheio, como por exemplo, cortar fila – “o esperto” – colar na faculdade, não dar a gorjeta esperada (atitude  condenada no exterior, porém praticada por brasileiros), não respeitar as leis do país, entre tantas outras ofensas.
O Cardeal Richelieu, que é tido como modelo para todos os estadistas e para quem a França tem grande dívida, disse: “Os homens do tipo mais medíocre restringem suas perspectivas aos limites da cidade onde nasceram. Aqueles, porém, a quem Deus proporcionou uma luz maior não vão dispensar nenhum meio de aprimoramento quer venha de perto ou de longe”.
Caro leitor, se você deseja estagiar no exterior, comporte-se como se você fosse um embaixador do seu país em terra estrangeira. Lembre-se que as pessoas do país que escolheu para estagiar avaliarão e julgarão os habitantes de seu país de origem pelos seus atos, bons ou maus.
*Gutemberg B. de Macedo é presidente da Gutemberg Consultores Ltda, empresa especializada na recolocação de executivos, Coaching Executivo e Pré-Retirement Planning.

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