Carreiras | Empregos

por Juliana Ricci
Você está se desligando da empresa e recebe uma convocação da área de Recursos Humanos para participar de uma entrevista. Entrevista? Mas isso não é parte do processo de admissão? Não, desta vez o seu compromisso é com a entrevista de desligamento.
Tão importante quanto a entrevista de seleção, a de desligamento tem dois objetivos principais: detectar a satisfação e a opinião do ex-funcionário com relação à conduta da empresa, ao relacionamento com os colegas, às políticas de remuneração – para saber onde é possível melhorar -, além de descobrir qual é a imagem que ele levará da empresa para o mercado.
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Segundo os profissionais do setor de Recursos Humanos, é importante que o funcionário concorde em participar, porque além de contribuir com a empresa, é uma atitude bem vista pelo mercado. “O mundo dá voltas. Hoje você se recusa a colaborar ou mente sobre as perguntas feitas e amanhã encontra aquele mesmo profissional numa situação em que precisa dele. Pronto, são dez pontos negativos na sua carreira”, afirma Vilson Fernando Damata, gerente de Recursos Humanos da Lucent Technologies.
Geralmente, a entrevista é feita por alguém da área de RH junto a colaboradores que pediram demissão, e as informações são mantidas em sigilo. Diretores e gerentes de outros setores só participam se houver alguma revelação ou acusação importante. “Nesse caso, é preciso consultar o responsável da área para checar as informações e detectar a origem e a veracidade do problema”, afirma Celia Gallo, diretora de Recursos Humanos da Vesta Technologies. As empresas procuram não abordar profissionais demitidos porque consideram que eles não estão em condições emocionais para responder às questões com sinceridade.
A primeira parte consiste no preenchimento de um questionário com perguntas como “Por que você está saindo da empresa”, “Como era a relação com o seu superior imediato” ou ainda “O que pode ser melhorado na empresa?”. Mas o mais importante é a conversa posterior, momento que os dois lados, empresa e profissional, podem usar para abrir o jogo, saber onde a organização cumpriu ou deixou de cumprir seu papel, numa espécie de acerto de contas. “Mas o feedback tem que ser algo constante”, alerta Vilson Damata. “O funcionário deve sempre opinar sobre como a empresa pode melhorar, para não transformar a entrevista de desligamento num desabafo de mágoas guardadas”, completa.
Veja algumas dicas de Célia Gallo e Vilson Damata para que entrevistadores e entrevistados tenham sucesso na entrevista de desligamento:
Entrevistador:

  • Escolha um local tranquilo, onde não haverá interrupções. Se possível, e se a situação exigir, leve o profissional para almoçar ou para algum local fora da empresa
  • Sinta-se como se estivesse indo a um happy hour – e faça o funcionário sentir o mesmo. Demonstre bom humor, tranquilidade e confiança, para deixá-lo à vontade
  • Trabalhe como numa dinâmica de grupo: quebre o gelo, conquiste o profissional valorizando o que ele tem a dizer
  • Procure não anotar o que ouvir. O entrevistado pode sentir-se ameaçado. Depois que ele for embora você pode registrar suas impressões
  • Seja ético. Mantenha as informações sob sigilo e use-as para discutir, apenas junto às diretorias responsáveis, as possíveis melhorias para a organização

Entrevistado:

  • Colabore. Participar da entrevista de desligamento não é obrigatório, mas contribui para a sua boa imagem e mantém as portas da empresa abertas para você
  • Seja sincero. Os selecionadores são capazes de perceber uma mentira e além disso, a empresa tem como checar a veracidade do que foi dito
  • Sinta-se à vontade. A empresa quer a sua colaboração e quer que você leve a melhor imagem possível para o mercado. Por isso, você não precisa sentir-se obrigado a responder tudo
  • Não leve respostas prontas. Às vezes o profissional recebe orientação até do novo empregador sobre o que deve responder. O entrevistador percebe. Dê suas próprias opiniões e seja você mesmo
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